Quem exerce vigilância sobre as organizações?
- blogfco2017
- 19 de out. de 2017
- 2 min de leitura

A imprensa tem a função de realizar vigilância sobre o governo. Ela vigia o governo, como um cão de guarda (watchdog) e deve denunciar. O governo é muito poderoso, por isso precisamos de algo grande para vigiá-lo. Porém, a imprensa tem um problema. Como ela vai denunciar empresas que a patrocinam? Por exemplo: se um banco X patrocina um jornal Y. Esse banco cometeu um erro que deve ser denunciado pelo jornal Y. O jornal vai fazer a denúncia? A imprensa vive de alianças com governos e mercados. Ela é feita mais para denunciar governos que empresas privadas. Isso é muito forte culturalmente no Brasil. Como ela tem “caráter publico”, ela foca no público, mas perde foco das organizações privadas. Mas porque eu não posso realizar essa vigilância? Como uma pessoa tão “pequena” como eu vai vigiar estruturas tão grandes, como o governo e a imprensa? Com o advento da internet, surgiu um novo estado da democracia, onde as pessoas têm observatórios em tudo que existe. É a chamada democracia monitória. As pessoas passam a ser vigilantes. “Podemos fazer o monitoramento, se agirmos em conjunto”. A internet veio com a promessa de que todas as pessoas teriam voz (antes só a mídia tinha voz). Você tem um twitter, um facebook... mas quem vai ler? A internet traz a promessa da visibilidade, mas somente alguns conseguem. Ocorre a disputas por visibilidade entre as pessoas. O público é menos vulnerável, mas ainda é vulnerável. Existem sujeitos capazes de resistência das influencias abusivas das organizações. Isso faz com que essa influência seja cada vez mais aperfeiçoada. O público não tem especialização em descobrir esses abusos, então as organizações começam a esconder melhor essas influências abusivas, e as pessoas se especializam em encontrar essas práticas abusivas. Pode estourar polêmica no facebook, mas isso não faz todas as empresas pararem de fazer. A polêmica estoura hoje, e amanhã já foi esquecida. As práticas ficam cada vez mais difíceis de descobrir se são mentiras ou não. Mas o que os públicos podem fazer? Já vimos que a imprensa muitas vezes não faz nada. Devemos fazer o que está ao nosso alcance. Primeiros, devemos descobrir os abusos. Depois, denunciar e dar visibilidade para a descoberta. Assim, estamos fazendo a nossa parte e cooperando com a vigilância da imprensa e do governo. A vigilância, mesmo que pequena, também está em nossas mãos.
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